O
Sono Normal
Introdução
Relógio
Biológico
SARA
e Regulação do Sono
Polissonografia
e Estágios
Aspectos
Gerais do Sono
Fisiologia
do Sono
Neurotransmissores
e o Sono
Os Distúrbios
do Sono
Parassonias
Sonilóquio
Pesadelo
Terror
Noturno
Enurese
Sonambulismo
Dissonias
Insônia
Narcolepsia
Apnéia
Epilepsia
Bibliografia
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Sonilóquio
Epidemiologia
Em estudo epidemiológico de crianças escolares e pré-escolares de São Paulo, pesquisadas com questionários dados aos pais na escola, dentre todos os distúrbios do sono, o sonilóquio foi o mais encontrado, pois pouco mais de 50% das crianças têm essa parassônia ao menos uma vez ao ano. Geralmente, ela ocorre esporadicamente; apenas uma em cada dez crianças apresentava sonilóquios considerados freqüentes, repetindo-se ao menos uma vez por semana. Foi incluída qualquer fala durante o sono, palavras e murmúrios. Não foram detectadas diferenças marcantes entre os sexos ou entre as classes socioeconômicas.
No grupo dos pré-adolescentes escolares saudáveis, os pais referem fala durante o sono em 7% das crianças. Entre os estudantes universitários, com idade média de 19 anos, encontrou-se história pregressa de sonilóquio em 61,5% dos indivíduos, enquanto em metade desses o sonilóquio ainda persistia. Em estudos populacionais em adultos, fala durante o sono é comum em todas as idades, porém mais encontradas nos jovens. As diversas pesquisas não têm mostrado diferenças entre os sexos ou classes sócio-econômicas.
Avaliação de uma população de deficientes mentais evidenciou que sonilóquio é mais encontrado abaixo de 15 anos de idade. Comparando faixas etárias, a população com deficiência mental apresenta menos sonilóquio que a normal.
Quadro Clínico
A intensidade e a complexidade da fala durante o sono são variáveis, mas têm em comum a emissão de palavras ou outros sons com significado enquanto dorme, sem haver reconhecimento objetivo e crítico, de acordo com a definição clássica. Entretanto, é usual a emissão de murmúrios com significado obscuro. Alguns têm palavras ou mesmo frases estereotipadas e com certo grau de coerência. A duração, usualmente, fica limitada a poucos segundos mas pode se prolongar, havendo descrições de até horas. Os episódios de sonilóquio durante os estágios 3 e 4 do sono NREM tendem a estar relacionados a acontecimentos recentes, prosaicos. Por outro lado, os episódios durante os estágios do sono REM mostram-se mais elaborados, expressando conflitos internos, medo, sofrimento físico ou moral. O tom de voz dos sonilóquios é geralmente monótono, mas relacionados ao sono REM tendem a tom mais afetivo. Em alguns casos, ao ser perguntado, o paciente responde em seu sonilóquio, geralmente frases simples, estereotipadas, relativamente coerentes. A freqüência parece diferenciar indivíduos normais com sonilóquios dos pacientes em que o sonilóquio está associado a conflitos. Nos primeiros, os eventos são esporádicos, breves e sem comprometimento mental; nos demais observa-se o oposto.
O grau de lembrança em relação ao sonilóquio varia de acordo com o estágio de sono. Desta forma, se despertarmos o indivíduo logo após haver falado durante estágios NREM, não há lembrança de sonho, está confuso, não se recorda do sonilóquio. Por outro lado, caso tenha ocorrido durante o estágio REM, geralmente há recordação de sonho e as palavras faladas se referem às do próprio paciente durante o sonho.
A polissonografia detectou que o sonilóquio surge nos diversos estágios de sono, sendo porém mais encontrado nos estágios NREM, a saber: 33% no estágio 1; 35% no estágio 2; 17% no estágio 3; 8% no estágio 4; 7% no estágio REM.
Terapêutica
Usualmente, sonilóquio é uma parassônia que não requer qualquer forma de terapêutica. Nos poucos casos cuja elevada freqüência, duração, intensidade e conteúdo sugiram comprometimento emocional, a avaliação detalhada desta área está indicada. É bastante incomum o sonilóquio acompanhar patologias orgânicas ou mentais.
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